16/04/2018 18:09
Audiência pública reuniu autoridades do ensino para debater a formação de professores no Ensino Médio
Na última terça-feira, 10 de março, o reitor da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM) e Presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (CRUB), Benedito Guimarães Aguiar Neto, participou de audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) do Senado Federal. O objetivo foi tratar da formação de professores no Brasil.
Segundo os especialistas convidados para a audiência, a Política Nacional de Formação de Professores não será suficiente se não melhorar a infraestrutura educacional. A discussão teve caráter interativo, com a participação popular pelo Portal e-Cidadania e o Alô Senado.
A reunião contou com a participação de secretários de educação, pró-reitores de diversas universidades, professores e senadores e girou em torno da valorização da formação do professor, seja a inicial ou a continuada, bem como da profissão.
Segundo o reitor da UPM, o debate foi de extrema importância para a educação e conclamou para que parlamentares possam se mobilizar, num trabalho conjunto, na direção do fortalecimento de programas de apoio aos professores. Um exemplo é o Plano Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (Parfor) que está ameaçado de ser descontinuado. “Nós propusemos a criação de um Prouni voltado à formação de professores, ou seja, um Prouni especial, que seja mais uma ferramenta para melhoria do ensino. A proposta foi bem aceita pelos parlamentares presentes”, comentou o reitor.
A audiência surgiu em caráter de urgência após o anúncio feito pelo Governo Federal que prevê um investimento de 1 bilhão de reais na criação de 190 mil novas vagas nos Programa de Iniciação à Docência (Pibid) e de Residência Pedagógica e na Universidade Aberta do Brasil. O Inep – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, aponta que 70% dos estudantes que cursam Pedagogia têm nota abaixo da média do Enem - Exame Nacional de Ensino Médio.
Benedito também explorou o fato da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) trazer diretrizes para o Ensino Médio, mas voltado com muita ênfase à necessidade do desenvolvimento de metodologias para a melhoria da qualidade de ensino. O BNCC é centrado num conjunto de habilidades e competências que são esperadas na formação do aluno. “Creio que se faz necessário um aprofundamento nessa discussão, no sentido que sejam levadas e feitas algumas ações do Conselho Nacional da Educação e do Ministério da Educação para uma melhor orientação na organização curricular, estabelecendo diretrizes mais precisas para os componentes curriculares que deverão compor o currículo do Ensino Médio”, explica.
O reitor ressaltou ainda a importância da elaboração de programas específicos de preparação do professor para que o BNCC possa ser uma realidade. “Uma vez que o docente tenha uma proposta disruptiva, exige dele uma maior dedicação na elaboração de materiais didáticos e desenvolvimento de novas metodologias que atendam às exigências que estão estabelecidas na Base Nacional Comum Curricular. As escolas não estão preparadas para isso e tampouco os professores para esses desafios”, conclui Benedito.
Entenda a implementação BNCC
O documento divulgado no dia 3 de abril pelo Ministério da Educação (MEC) ao Conselho Nacional de Educação (CNE) estabelece uma mudança na implementação da nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio, que passará a exigir mudanças na formação de professores e adaptações nas escolas.
O BNCC vai orientar os currículos dessa etapa determinando as habilidades e competências que devem ser desenvolvidas pelos alunos ao longo do ensino médio e será organizada por áreas do conhecimento: linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas. Apenas as disciplinas de língua portuguesa e matemática aparecem como componentes curriculares, ou seja, disciplinas obrigatórias para os três anos do ensino médio. O tempo restante deve ser preenchido de acordo com os interesses do estudante.
As mudanças para o ensino médio serão analisadas e aprovadas pelo CNE e homologada pelo MEC antes de o documento começar a valer. O conselho irá fazer uma consulta pública em plataforma digital e audiências para colher sugestões da sociedade antes de submeter o texto à avaliação dos conselheiros.
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