Pela primeira vez, o Brasil tem uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que define o conjunto de aprendizagens essenciais a que todos os estudantes têm direito. Enquanto a parte relativa ao ensino médio se encontra, no momento, em análise pelo Conselho Nacional de Educação (CNE), a BNCC das duas primeiras etapas da educação básica — educação infantil e ensino fundamental — já está em fase de implementação por parte de estados e municípios, que têm feito esse importante esforço com o apoio do Ministério da Educação (MEC) e da própria sociedade, conforme preconiza o artigo 205 da Constituição Federal ao afirmar que a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

O artigo 205 também afirma que a educação a ser oferecida tem como finalidade o pleno desenvolvimento da pessoa. Portanto, ele aponta para a oferta de uma educação integral, que se efetiva por meio do desenvolvimento de competências que combinem aspectos cognitivos e socioemocionais, possibilitando aos estudantes capacitarem-se, por exemplo, para o autoconhecimento, a colaboração, a criatividade, a resolução de problemas, o pensamento crítico e a abertura para o novo. Por isso mesmo, a BNCC define 10 competências gerais que todo aluno deve desenvolver ao longo de sua educação básica. Entre elas, conhecer-se e cuidar de si para preparar-se para a vida, comunicar-se para interagir em diferentes contextos e pensar criticamente para se posicionar no mundo.

Vários estudos mostram que a educação do futuro (e o futuro é agora) vai exigir aumento de qualidades humanas. A oferta de uma educação com significado, que seja capaz de desenvolver o potencial pleno das pessoas, torna-se, então, condição imperativa para o acesso aos postos de trabalho do futuro, em particular com o advento do chamado trabalho 4.0.

A pergunta que agora se coloca é: como fazer a BNCC chegar ao chão de escola? Como redesenhar os currículos de forma que possam incorporar as 10 competências gerais? É nessa perspectiva que se coloca a contribuição do Instituto Ayrton Senna que, por meio de sua experiência e pesquisa de mais de duas décadas com competências socioemocionais e desenvolvimento pleno dos estudantes, lançou na última semana o guia digital BNCC: construindo um currículo de educação integral. O objetivo é auxiliar gestores e equipes envolvidas na elaboração dos currículos das redes de ensino municipais e estaduais a assegurarem o compromisso com a educação integral, indicada pela BNCC.

Nos últimos meses, o Instituto Ayrton Senna já vinha ajudando algumas redes, com o apoio da Fundação Lemann, das secretarias de educação e do próprio MEC. Contudo, as demandas têm sido cada vez maiores e, com o guia, espera-se poder colaborar com mais estados e municípios envolvidos nesse desafio. No guia, é possível relembrar as principais funções da BNCC, se informar sobre o que é currículo e como ele pode ser estruturado, além de entender que conceitos definem a educação integral. O público tem ainda acesso a uma análise exclusiva que relaciona as 10 competências gerais descritas na BNCC às competências socioemocionais cientificamente identificadas como importantes de serem consideradas e desenvolvidas no contexto escolar brasileiro.

O conteúdo é totalmente gratuito e está disponível no site do Instituto Ayrton Senna, no link www.institutoayrtonsenna.org.br /bncc. O guia pode ser acessado tanto pelo computador quanto pelo smartphone. Dessa forma, o Instituto Ayrton Senna entende que está dando a sua contribuição para uma educação de qualidade para todos.

Fonte: Correio Braziliense