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Brasil amplia participação em ranking internacional de universidades, mas fica fora dos 200 melhores

13/09/2019 12:52

Editora do Times Higher Education diz que hostilidade do governo com educação superior preocupa


O Brasil ampliou o número de universidades listadas no mais prestigiado ranking internacional, o THE (Times Higher Education), liderado neste ano pela britânica Universidade de Oxford. Nenhuma instituição do país, contudo, aparece entre as 200 melhores.

A USP (Universidade de São Paulo) repete o resultado do ano anterior como instituição brasileira —e latino-americana— mais bem colocada na edição 2020 do ranking da THE, divulgada nesta última quarta (11).

Com 46 universidades listadas, 11 a mais do que na última edição da publicação britânica, o Brasil tem a sétima maior representação entre as instituições relacionadas. A marca supera a de países como Itália e Espanha.

Com menos de 1/10 da população brasileira, o Chile é a nação latino-americana mais próxima do Brasil no ranking, com 18 universidades. Das 46 brasileiras listadas, 28 são federais, 11 são estaduais e 7, particulares. 

As federais enfrentam uma crise de financiamento. O governo Jair Bolsonaro (PSL) determinou um bloqueio de orçamento de R$ 2,2 bilhões, referente a 30% dos recursos discricionários (que excluem salários, por exemplo).

As dez melhores universidades do mundo


O sistema federal de ensino superior perde recursos ano a ano desde 2014. Com o atual corte, as verbas de livre manejo retrocederam ao patamar de uma década atrás.

O ministro da Educação, Abraham Weintraub, tem mantido discurso crítico às federais, usando rankings como o THE para defender a ideia de que as instituições brasileiras teriam qualidade inferior.

A editora do ranking da THE, Ellie Bothwell, afirma, contudo, que a hostilidade do atual governo com relação ao tema e os desafios de financiamento prejudicam o país.

“O fato de o Brasil agora aparecer como o sétimo país com mais representação no ranking é certamente uma grande conquista, especialmente considerando a grandeza do seu contingente comparado com o ano passado. Isso traz muita visibilidade e presença do Brasil no cenário mundial", diz ela, segundo texto oficial de divulgação. 

“No entanto, é lamentável que todos os novos registros do Brasil estejam fora do top mil e que várias outras estejam fora da tabela. As constantes questões de financiamento e a falta de uma estratégia de ensino superior não ajudam a solucionar este problema", escreve.

"O ensino superior global está se tornando um campo cada vez mais competitivo, à medida que as instituições asiáticas continuam a crescer e o Brasil terá que trabalhar mais para fazer avanços positivos na tabela de classificação. Para tal, a crescente hostilidade do governo atual em relação à educação superior inspira pouca confiança."

Questionado pela Folha sobre a avaliação da editora do THE a respeito da postura do governo, o ministro Weintraub disse que o comentário dela foi deselegante.

"Quanto à declaração de juízo de valor, eu acho que ela saiu do escopo dela, é meio deselegante da parte dela, não agrega nada", disse.

"Que eu saiba, ela não está credenciada a fazer isso, então ela cruzou a linha". 

Weintraub voltou a minimizar o desempenho das instituições brasileiras. "Quanto ao Brasil estar em sétimo lugar [em número de universidades listadas], é [reflexo do] tamanho da população. Se pegar entre as 100 melhores e entre as 200 melhores, o Brasil não consta com nenhuma universidade."

O THE 2020 analisou um total de 1.396 instituições em 92 países e regiões (na última edição, eram 1.258 em 86 territórios). 

O levantamento é elaborado a partir de 13 indicadores que abordam cinco dimensões: ensino, pesquisa, citações de artigos científicos, transferência de tecnologia e internacionalização. 

O THE classifica os estabelecimentos em ordem até a 200ª posição, e, a partir disso, reúne as instituições em intervalos.

O top 10 do ranking é dominado pelo Reino Unido e Estados Unidos. A Universidade de Oxford, da Inglaterra, lidera o THE 2020, assim como ocorreu na edição do ano passado. 

A Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), dos Estados Unidos, aparece na segunda posição. Ao todo, 60 das 200 melhores instituições são norte-americanas.

Somente 12 universidades brasileiras estão no grupo das mil melhores. Brasileira mais bem colocada, a USP ficou no bloco que 251-300, mesma posição em que apareceu no ano passado. 

Na sequência aparece outra estadual paulista, a Unicamp, que se posiciona entre 501-600 —no ano passado, a instituição estava melhor, na posição 401-500.

Além da Unicamp, outras quatro universidades federais (UFRJ, UFABC, UFBA e UFSCar) perderam posições no ranking. Com exceção da UFRJ (que passou do grupo 601-800 para 801-1.000), as demais foram classificadas abaixo das 1.001 melhores.

A Federal de Uberlândia, classificada no ano passado na faixa de mais de 1.001, caiu nesta edição e não aparece na lista. 

Cortes nas universidades


Por outro lado, a UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) pulou para um grupo superior: passou da posição 801-1000 para 601-800. Outras 11 universidades que não estavam ranqueadas tiveram indicadores que as colocaram no ranking —seis são federais, duas são particulares e as outras duas, estaduais.

A instituição particular mais bem posicionada é a PUC-Rio. Ela fica na posição 601-800, sendo a 7ª brasileira mais bem classificada.

Na América Latina, a mais bem colocada, após a USP, é a Universidade para o Desenvolvimento, do Chile. Ela aparece na posição 401-500 —à frente da Unicamp.

Compõem o ranking 101 universidades da América Latina, sendo 46 do Brasil. Cuba e Porto Rico entraram na lista pela primeira vez, com a Universidade de Havana posicionando-se na faixa de mais de 1.001 e a Universidade de Porto Rico, de 801-1000.

Já a situação da Argentina é pior. O país vizinho, em grave crise econômica, tem quatro instituições ranqueadas, uma a menos que no ano passado.

Em 14º, o suíço ETH Zurich é a instituição mais bem colocada do ranking que não está no Reino Unido nem nos Estados Unidos. Depois surge a Universidade de Toronto (Canadá), na 18ª posição.

No topo do ranking, a Ásia conseguiu aumentar significativamente a sua representação global e a presença no top 200 mundial: passou de 2 instituições para 24. A universidade Tsinghua, da China, está em 23º, seguida pela Universidade de Pequim e pela Universidade Nacional de Singapura.

As mais bem colocadas

Universidade de Oxford (Reino Unido)

Instituto de Tecnologia da Califórnia (EUA)

Universidade de Cambridge  (Reino Unido) 

Universidade Stanford  (EUA) 

Instituto de Tecnologia de Massachusetts  (EUA) 

Universidade Princeton  (EUA) 

Universidade Harvard  (EUA) 

Universidade Yale  (EUA) 

Universidade de Chicago  (EUA) 

Imperial College London  (Reino Unido) 

Universidade da Pensilvânia  (EUA) 

Universidade Johns Hopkins  (EUA) 

Universidade da Califórnia, Berkeley  (EUA) 

ETH Zurich (Suíça)

UCL (Reino Unido)

Universidade Columbia  (EUA) 

Universidade da Califórnia, Los Angeles  (EUA) 

Universidade de Toronto (Canadá)

Universidade Cornell  (EUA) 

Universidade Duke (EUA) 

Os resultados completos podem ser lidos em  https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings/2020/world-ranking#!/page/0/length/25/sort_by/rank/sort_order/asc/cols/stats

Fonte: Folha S.Paulo

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