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Conheça o perfil dos estudantes inscritos para o Enem 2019

16/10/2019 17:10


Neste ano, cerca de 5,1 milhões de pessoas estão inscritas para as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A região Sudeste tem o maior número de inscrições (1,79 milhão), seguida pelo Nordeste (1,74 milhão) e Norte (596 mil). O Centro-Oeste é a região com menos inscrições, somando 424 mil estudantes. Desses, 95 mil estão no Distrito Federal. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).


O exame atrai estudantes de todo o país que buscam uma vaga para ingressar em uma instituição de ensino superior, seja ela pública, seja particular. Nesse sentido, destaca-se a presença feminina, com 3.031.798 inscritas, contra 2.063.510 de homens. Elas ocupam, portanto, 59,5% das inscrições.

A estudante do terceiro ano do Centro de Ensino Médio Integrado do Gama (Cemi Gama), Júlia Gomes, acredita que, para muitas mulheres, o exame é uma oportunidade para superar barreiras. “O mercado de trabalho é mais difícil para nós, então precisamos nos preparar melhor para entrar”. A Emilly Dias, 17 anos, tem o exemplo dentro de casa. “A minha mãe conseguiu fazer faculdade por conta do Enem, há cinco anos. Na época do ensino médio, ela não conseguiu entrar e, hoje, é formada”, conta a jovem. A colega delas, Mayumi Sasaki, 18, concorda. “Conheço muitas mulheres que são mais velhas e têm vontade de fazer uma faculdade, mas não tiveram oportunidade. Agora, a gente sente que pode conquistar tudo que quiser.”


O estudante Luan Nunes, 16, também do terceiro ano do Cemi, considera que o número é positivo. “Não me surpreende que haja mais mulheres fazendo a prova. Antes, elas não tinham tanta participação como têm hoje. Quando tiveram a oportunidade, agarraram mesmo”, observa.

O dado da predominância feminina não é bem uma novidade. No ano passado, elas também foram maioria nas inscrições para o exame, mas com um percentual ligeiramente menor, só 0,4% a menos do que neste ano. Mesmo assim, para algumas pessoas, a informação ainda é nova. “Nunca parei para pensar sobre isso, na verdade, estou sabendo agora. Mas espero que isso se reflita nas aprovações”, diz a Allynne Cardoso, 17, estudante do terceiro ano. No Distrito Federal, elas correspondem a 59% das inscrições, totalizando 56 mil inscritas – 17 mil a mais do que os homens. Em 2019, 2.043 mulheres gestantes solicitaram atendimento específico.

Pretos e pardos
As pessoas que se declaram pretas e pardas também são maioria. Eles, juntos, somam o percentual de 59,1%, seguido de candidatos brancos (31%), amarelos (2,3) e indígenas (0,6%). Para João Gabriel Araújo, 18, é possível que esse dado não encontre correspondência, infelizmente, no número de aprovações. “A maioria da população pobre é composta por pessoas negras, que é justamente quem está inscrito no Enem. Existe uma questão aí: tem alunos que precisam estudar e trabalhar para ajudar a família, e isso acaba tirando o foco dos estudos”, observa o aluno do terceiro ano do Cemi.

Porém, mesmo com esses desafios, João Gabriel segue confiante de que vai alcançar uma vaga no ensino superior. A predileção do jovem é pela graduação em direito. “É o curso que eu quero e não consigo me ver em outra área, então acho que vou conseguir lidar bem”, afirma.

Entre a juventude e a experiência  

Também há, entre os inscritos, aqueles que já têm um pouco mais de vivência no mundo dos vestibulares. É o caso do João Victor Araújo, 25, que se formou no ensino médio em 2012 e, em seguida, entrou na graduação em educação física na Universidade de Brasília (UnB). Depois do diploma, resolveu voltar para o cursinho e tentar uma vaga em de medicina, o curso mais concorrido no Sisu, o sistema de ingresso em universidades via Enem. “Comecei a estudar sozinho no ano passado, ao mesmo tempo em que trabalhava para juntar dinheiro e pagar o cursinho”, lembra.

Ele integra os 26,7% dos jovens entre 21 e 30 anos que vão prestar o exame em 2019. Para ele, o fato de já ter passado por outros vestibulares ajuda na hora de enfrentar o Enem. “As experiências que eu já tive me ensinaram que, para essas provas, é preciso estar bem calmo. Ficar aflito, nervoso só vai piorar. Então estou tranquilo e me sinto bem mais preparado.”

Para Pollyana Souza, 17, que concluiu o ensino médio no ano passado, a saída da escola proporcionou um amadurecimento. “Quando você está no ensino médio, tem muitas matérias para pegar, e é um ambiente diferente. Hoje eu me sinto mais madura, mais confiante e acho que isso ajuda bastante”, afirma.

Por falar em experiência, Paschoal Rosseti, 46, faz o exame há dez anos e já foi aprovado em sete universidades país afora. Por ser servidor público, ele esbarra na dificuldade de se mudar para outros lugares, mas afirma que o Enem é um certame democrático e pode ajudar em casos como o dele. “No meu tempo, não tinha Enem e a gente fazia vestibular para várias universidades. Você tinha que ficar viajando de um lado para o outro para conseguir.”

Em busca de uma vaga no curso de medicina, ele se desdobra para conciliar estudo, trabalho e família. “Estudo praticamente o dia inteiro. Nos dias em que estou de plantão, saio do cursinho e vou para o trabalho. Quando não tem plantão, vou direto para casa e continuo estudando”, explica.


Paschoal está na mesma faixa de idade de outros 578.412 candidatos, que têm entre 31 e 59 anos e vão prestar o Enem. Mas tanto ele quanto João Victor e Pollyana fazem parte de uma maioria de inscritos que já concluíram o ensino médio. O número é mais que o dobro dos concorrentes que ainda estão cursando o último ano — 58,7%, contra 28,8%.

Do lado contrário, estão candidatos “treineiros”. São aqueles que não concluíram o ensino médio nem estão no terceiro ano.  Portanto, ainda não reúnem condições para ingressar na universidade. Nem por isso deixam de fazer a prova: 616.673 participantes vão fazer as provas nessas condições, o que equivale a 12,1%.

De acordo com a estudante do segundo ano do Cemi Gama, Lívia Sena, 16, o objetivo é conhecer melhor a prova. “Quero fazer para ter uma noção de como é a estrutura e como funciona. A questão do tempo também é importante para saber administrar”, avalia.

Gabriel Vieira, 15, cursa o primeiro ano do ensino médio. Para o primeiro Enem dele, não há ainda a necessidade daquela preparação especial. Ele vai para sentir como é, na definição dele. “Vou fazer para sentir um pouco a ‘pegada’ da prova. Mas, a partir do ano que vem, já vou tentar dar uma estudada maior, para no terceiro ano já chegar craque.”

O jovem, que sonha com uma vaga no curso de engenharia civil em breve, considera que o treinamento faz parte da preparação. “Posso usar isso como uma forma de me preparar para os próximos anos. Olhar os conteúdos que ainda não sei e adiantar essas partes”, finaliza.

Perfil dos inscritos no Brasil
Perfil majoritário do exame é de mulheres, de cor preta ou parda e entre 16 e 20 anos.

Sexo    %
Feminino    59,5%
Masculino    40,5%

Idade    %
Menor que 16    2,2%
Entre 16 e 20    59,5%
Entre 21 e 30    26,7%
Entre 31 e 59    11,4%
Igual ou maior que 60    0,2%

Cor/Raça    %
Amarela    2,3%
Branca    36%
Indígena    0,6%
Parda    46,4%
Preta    12,7%
Não declarada    2%

Região 
Centro-Oeste    8,3%
Nordeste    34,2%
Norte    11,7%
Sudeste    35,2%
Sul    10,6%

Situação do ensino médio 
Cursando a última série/ano no ensino médio    28,8%
Cursando o ensino médio, mas não concluirá em 2019    12,1%
Já concluiu o ensino médio    58,7%
Não está cursando e não concluiu o ensino médio    0,4%

No Distrito Federal
Faixa Etária         % 
Menor que 16    1,6%
Igual a 16        5%
Igual a 17        16,3%
Igual a 18        15,4%
Igual a 19        11,0%
Igual a 20        7,9%
De 21 a 30        28,2%
De 31 a 59        14,4%
Maior ou igual a 60    0,3%

Cor/Raça         % 
Amarela        2,8%
Branca        31,9%
Indígena        0,5%
Não declarada    2,7%
Parda        47,7%
Preta        14,4%

Sexo        %
Mulheres        59%
Masculino        41%

Situação do ensino médio     % 
Cursando a última série/ano no ensino médio    28,4%
Cursando o ensino médio, mas não concluirá no ano letivo de 2019    8,3%
Já concluiu o ensino médio    62,7%
Não está cursando e não concluiu o ensino médio    0,5%



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