05/09/2019 12:39
Especialistas defenderam a saída do Brasil do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. A representante do Ministério das Relações Exteriores rejeitou a proposta
Em audiência pública realizada nesta última quarta-feira (4) pela Comissão de Educação, proposta pelos deputados Dr. Jaziel (PL-CE) e Paula Belmonte (Cidadania-DF), a maioria dos participantes criticou a adoção do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990 e em vigor há cerca de uma década no país.
Favorável à revogação do documento, Dr. Jaziel destacou que aproximadamente 0,4 % das palavras sofreram modificações. Para ele, a revogação é anseio de muitos escritores, professores e linguistas, que fizeram várias indagações a respeito desse acordo. "Por isso nós propusemos uma audiência para a gente discutir, porque há uma inconveniência grave da nossa língua", disse.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa propôs a unificação da ortografia entre os países que usam o português como língua oficial. Mas, segundo o escritor Sidney Silveira, o documento está longe de reunir consenso, sobretudo em Portugal e no Brasil.
Aqui, as modificações incluíram a eliminação dos acentos em terminações 'eia' e 'oo'; a supressão do trema; além de mudanças nas regras para emprego do hífen. As letras k, w e y foram incorporadas oficialmente ao alfabeto.
"Estamos diante de algo que precisa ser revogado ontem e diz respeito a cada um de nós. Hoje os professores de português ensinam muitas vezes coisas que têm regra praticamente incompreensíveis, o hífen por exemplo. (...) É muito difícil, é confuso, é abstruso", disse.
Doutora em Filologia e Língua Portuguesa da Universidade de São Paulo (USP), Amini Hauy também concorda com a revogação do acordo:
"Eu sou contra o acordo pelo seu aspecto formal e de conteúdo. Pelo prejuízo e desconcerto na sala de aula, desconcerto na atividade profissional do professor, além dos desacertos evidentes inaceitáveis do texto escrito do novo acordo e sobre o aspecto gramatical principalmente", observou.
"Da perspectiva do Itamaraty, não haveria uma razão para buscar a denúncia do acordo. O acordo de 90 preserva nossa gramática, preserva nossa variante lexical. Nós tivemos relativamente poucas mudanças ortográficas, mas principalmente meu argumento é que o acordo mantém una a Língua Portuguesa, na sua riqueza, na sua variação, nas suas várias variantes", disse.
Mas, para Sérgio de Carvalho Pachá, que foi lexicógrafo-chefe da Academia Brasileira de Letras, a unidade de uma língua não se dá pela ortografia ou o léxico; mas é muito maior do que tudo isso e existe por si, sem necessidade de comprovação.
Fonte: Agência Câmara
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