03/04/2018 18:20
Jovem com autismo afirma durante sessão solene que os problemas dessa parcela da população são mais causados pelas barreiras sociais do que pelo próprio diagnóstico
Parlamentares e representantes de pessoas com autismo defenderam nesta segunda-feira (2), na Câmara dos Deputados, a destinação de mais recursos pelo governo ao diagnóstico, à pesquisa e ao tratamento do transtorno no País. O assunto foi lembrado em sessão solene dedicada ao Dia Mundial de Conscientização do Autismo (2 de abril), a pedido dos deputados Luiz Couto (PT-PB), Erika Kokay (PT-DF) e Janete Capiberibe (PSB-AP).
O autismo é um transtorno de desenvolvimento. A pessoa, nos primeiros anos de vida, por motivos desconhecidos, mas que podem ser genéticos ou ambientais, apresenta problemas de interação social e de comunicação, além de comportamentos repetitivos.
Estatísticas
Uma das reclamações dos participantes da sessão solene disse respeito à falta de estatísticas sobre o autismo no Brasil. A estimativa, lembrou Luiz Couto, é que no País existam mais de 1 milhão de portadores do espectro autista.
“O conjunto das pessoas que nós queremos atender nós não sabemos. Não sabemos a condição socioeconômica, o seu gênero. Não há uma pesquisa”, pontuou o representante do Distrito Federal na Conferência Nacional da Pessoa com Deficiência, Vinicius Mariano.
Mariano ressaltou ainda que a pessoa com autismo demanda cuidados específicos, a depender do grau do transtorno. O severo, por exemplo, vai demandar cuidado integral. Já o leve, pelo menos uma adaptação curricular na escola.
O diretor do Movimento Orgulho Autista Brasil (Moab), Fernando Cotta, acrescentou que essas pessoas precisam de políticas públicas que garantam a inclusão verdadeira. “Quando tem o diagnóstico de autismo, para onde vamos encaminhar as pessoas?”, observou.
Cuidadores
Erika Kokay lamentou o fato de não existir uma política de cuidadores financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para que as mães possam trabalhar. “No que diz respeito à educação, nós também temos muitas dificuldades. A dificuldade dos cuidadores, dos monitores, que não estão em número suficiente. Não é a pessoa que tem que se adaptar à escola, é a escola que tem que se adaptar às pessoas”, complementou.
Em carta enviada à sessão solene e lida por Luiz Couto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, destacou que a condição autista não configura doença, mas como deficiência requer atenção especial, notadamente em termos de terapias e ambientes educacionais controlados. Luiz Couto acrescentou que é preciso acabar com mitos, como o de que a pessoa vive em seu mundo próprio, sem condições de interagir com o próximo e distante da realidade que a cerca.
A jovem com autismo Amanda Paschoal afirmou que os problemas dessa parcela da população são mais causados pelas barreiras sociais do que pelo próprio diagnóstico. “Escutem os autistas. Façam dos autistas, do que eles desejam, o centro da discussão sobre o autismo”, pediu.
PECs
A deputada Janete Capiberibe defendeu a aprovação de duas propostas de emenda à Constituição (PECs 347/09 e 431/09) que tratam de direitos das pessoas com deficiência.
Fonte: Agência Câmara
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