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Doutoranda em Educação Física, pela Universidade Católica de Brasília (UCB) recebeu o primeiro lugar no 34° Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia.

29/09/2022 11:09

O estudo de Lysleine Alves de Deus, doutoranda em Educação Física, pela Universidade Católica de Brasília (UCB) recebeu o primeiro lugar no 34° Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia. Ela mostrou que pacientes com Doença Renal Crônica (DRC), em estágio avançado, que praticam exercícios de força, como a musculação, possuem menores níveis de ansiedade e depressão

Fale um pouco sobre o seu trabalho.
Nós avaliamos que os nossos pacientes com doença renal em estágio hemodialítico apresentavam níveis elevados de ansiedade e de depressão. A literatura mostra que quando nós temos o treinamento resistido (TR), a musculação, induzimos a produção de uma proteína muito importante, a BDNF. Ela atua nas áreas autônomas do nosso cérebro como um neuroprotetor e tem associação direta com os níveis de ansiedade e depressão. Ou seja, baixos níveis de BDNF estão associados a altos níveis de depressão.

O que a doença renal crônica acarreta?
A doença renal crônica é uma deficiência sistêmica que provoca a perda da autonomia do paciente, levando-o a limitações físicas, restrições laborais e também a perdas sociais. Pacientes em estágios terminais geralmente são submetidos a sessões regulares de hemodiálise, um tratamento rigoroso e debilitante.

Como foi realizada a pesquisa?
Nós tivemos um insight se haveria um eixo músculo-rins-cérebro que pudesse melhorar os níveis de ansiedade e depressão desses pacientes.

Nós averiguamos que sim. O treinamento resistido, a musculação, por meio das contrações musculares, produz essa proteína que possui atuação nas áreas automáticas do nosso cérebro modulando esses níveis de ansiedade e depressão. Nós submetemos os pacientes a seis meses de TR e para isso avaliamos os níveis de BDNF antes e depois da pratica da musculação.

O que seria esse Treinamento Resistido (TR)?
Seria a musculação.  Vale destacar que em pacientes com doença renal em estágio hemodialítico (que precisam fazer hemodiálise), o acesso à academia é um pouco mais complicado. Então realizamos um treinamento na própria clínica, momentos antes da hemodiálise. Para isso utilizamos equipamentos portáteis, caneleiras, halteres, elásticos. O interessante deste estudo é que nós avaliamos dois tipos de treinamento:  o resistido convencional - com cargas mais elevadas -  e o resistido feito com restrição de fluxo sanguíneo.  Isso porque alguns pacientes não conseguem realizar uma contração muscular mais intensa por diversas causas. Então o treinamento resistido, com a restrição de fluxo, induz uma produção do BDNF semelhante ao treinamento resistido tradicional com cargas elevadas e pode ser utilizado em pacientes que têm uma menor resistência ao exercício.  Os dois treinamentos são igualmente eficientes em produzir essa proteína que vai proteger os neurônios e melhorar a qualidade de vida desses pacientes.

Quais foram os achados?
Constatamos que de fato a musculação induz um aumento do BDNF, da capacidade antioxidante e da qualidade de vida desses pacientes. O que resulta na mudança dos sintomas de depressão e ansiedade em pacientes com (DRC) em tratamento hemodialítico. Além disso, os níveis séricos de BDNF foram associados à força de preensão manual, papel e bem-estar emocional.

A que conclusão podemos chegar?
Podemos concluir que a musculação foi eficaz como ferramenta não farmacológica para aumentar os níveis de BDNF, qualidade de vida, moderar o equilíbrio e diminuir a intensidade dos sintomas depressivos em pacientes em hemodiálise. Portanto, sugerimos a musculação como um tratamento viável para o manejo de sintomas depressivos, força muscular e qualidade de vida em pacientes com esse perfil. Além disso, destacamos o BDNF como parte dos benefícios induzidos pelo exercício nesta população, sugerindo um importante papel do TR no eixo músculo-cérebro-renal.

Como a sua pesquisa pode ser aplicada?
Os pacientes terminais sofrem muito por causa da depressão. Seria extremamente importante para eles, no aspecto emocional, o tratamento resistido uma vez que, numa única sessão de hemodiálise, retiram-se todo os níveis de BDNF de seus organismos. Então o TR contribui para que a gente aumente essa produção, a captação e a utilização dessa proteína. O paciente que incluir o treinamento resistido ao longo do seu tratamento, além de melhorar os níveis de ansiedade e depressão, consegue retardar a progressão da doença. Vale destacar que nós temos vários casos de suicídios relacionados a esse público. Então seria de extrema importância a prática da musculação como ferramenta fundamental para a saúde mental desses pacientes.

 O que o estudo traz de diferente da literatura?
A literatura não tinha essa relação eixo músculo-cérebro-renal. Então a gente avança na fronteira do conhecimento. Conseguimos comprovar que o TR pode ser uma ferramenta não farmacológica adicional para o tratamento desses pacientes. Até então a gente tinha a medicação como tratamento convencional para depressão. Agora, a gente consegue utilizar o exercício físico associado à hemodiálise. Isso faz com que o paciente não sofra os efeitos colaterais da medicação, promove a saúde mental e reduz o número de internações, o que resulta em uma maneira muito expressiva e positiva no tratamento desse público.

O estudo já recebeu alguma premiação?
O trabalho intitulado “Treinamento de resistência como ferramenta para melhorar os níveis de BDNF, equilíbrio redox e saúde mental em pacientes com doença renal crônica” recebeu o primeiro lugar, na categoria clínica, no 34° Congresso Brasileiro de Atualização em Endocrinologia e Metabologia, realizado em setembro de 2021. A pesquisa foi orientada pelo dr. Thiago dos Santos Rosa e  pela dra. Dra. Gislane Melo, professores do Programa de Pós-Graduação em Educação Física, da UCB.

Legenda das imagens:
Imagem dentro da matéria: Musculação para pacientes renais reduz níveis de ansiedade e depressão (Foto: Arquivo pessoal) 

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) é um órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC).


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