10/09/2019 12:56
Relatório divulgado pela OCDE mostra cenário preocupante para o ensino superior do país.
Dados do relatório "Education at a Glance", divulgado nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), mostram que o Brasil ainda está engatinhando no que diz respeito à pós-graduação. De acordo com o estudo, entre os 35 países com dados disponíveis sobre o tema, o Brasil tem a terceira menor taxa de pessoas entre 25 e 64 anos que possuem doutorado. Enquanto no país esse índice é de 0,2% dessa população, a média das nações que compõem a organização é quase seis vezes maior, alcançando 1,1%.
Nesse quesito, o Brasil consegue superar apenas o México, que tem uma taxa de cerca de 0,1%, e a Indonésia que nem sequer chega a pontuar. O país com maior taxa é a Eslovênia, que alcança o patamar de 3,8% dessa população com doutorado. Embora o estudo analise 45 países, apenas 35 disponibilizaram dados sobre o tema.
A situação melhora ligeiramente em relação ao índice de mestres, mas os dados ainda são alarmantes, sobretudo pela distância em relação aos outros países do mundo.. De acordo com a OCDE, enquanto o Brasil tem apenas 0,8% das pessoas de 25 a 64 anos com mestrado, a média dos países que integram a organização é de 13% . A Rússia é o país com maior destaque em relação ao percentual de mestres, chegando a 29% das pessoas de 25 a 64 anos.
A deficiência do Brasil em relação ao desenvolvimento da pós-graduação pode se aprofundar ainda mais. Isso porque, recentemente, o governo federal tem reduzido sistematicamente o financiamento de pesquisas. O valor previsto para o orçamento do próximo ano prevê, por exemplo, que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior ( Capes ), ligada ao Ministério da Educação ( MEC ), terá recursos para financiar apenas metade das bolsas de pós-graduação em 2020.
Além da Capes, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ( CNPq ) vai perder 87% da verba de fomento à pesquisa em 2020, segundo a proposta orçamentária do governo. O montante é utilizado para gastos com insumos e equipamentos, por exemplo.
O relatório da OCDE mostra também que os problemas do país na etapa superior já começam com a graduação. De acordo com o estudo, apenas 21% dos brasileiros de 25 a 34 anos têm diploma de ensino superior . A dificuldade no acesso à universidade e a baixa taxa de conclusão causam o gargalo que faz com que os títulos de mestre e doutor sejam raros entre os brasileiros.
Fonte: O Globo
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