09/12/2019 12:09
Busca por qualificação profissional e indenizações por demissão são motivos apontados por instituições de ensino.
Em um período de fraco desempenho da economia, disparou no país a procura por cursos superiores de especialização, mais ligados ao aperfeiçoamento profissional.
De um total de 683 mil alunos em 2016, eles passaram a ter 1,19 milhão em 2019, um crescimento de 74% em apenas quatro anos.
A pesquisa leva em conta apenas cursos com duração mínima de 360 horas.
Para Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, as incertezas econômicas foram um fator decisivo para o crescimento das especializações (também conhecidas no meio acadêmico como modalidade lato sensu).
"Quando há uma crise, as pessoas se preocupam com empregabilidade: ou arrumar um trabalho ou se manter nele. E uma boa forma de fazer isso é investir na formação", afirma ele.
Segundo os dados levantados pela entidade, 85% dos alunos de especialização, como os MBAs, trabalham, dos quais 66% estão no emprego há dois anos ou mais; e 41% do total de estudantes são os principais responsáveis pelo domicílio onde vivem.
Outros fatores que, para Capelato, contribuem para o crescimento da modalidade são a redução do preço de alguns dos cursos e o aumento da oferta de aulas por meio da EAD (educação a distância), cuja flexibilidade atende bem as necessidades do público que trabalha.
Diretor de Educação Executiva da FGV-SP, Paulo Lemos afirma que, após uma queda entre 2014 e 2016, as matrículas nas especializações oferecidas pelas instituições voltaram a crescer e, no ano que vem, deverão superar a marca registrada em 2013.
Uma das razões é que muitas empresas que subsidiavam ao menos parte da formação de seus funcionários puderam voltar a fazê-lo.
Ele afirma ainda que a crise também fez surgir novas demandas, como a de profissionais qualificados para trabalhar com dados com o objetivo de qualificar a tomada de decisões de negócio complexas.
O perfil do aluno de um curso de educação executiva em geral é o de uma pessoa com cinco anos de carreira, em cargo de gestão, que busca acelerar a evolução da profissional, afirma Marcelo Orticelli, diretor responsável por essa área no Insper.
Além de se diferenciar dos demais no mercado, em um MBA o estudante tem a oportunidade de ampliar a sua rede de contatos na área em que ele atua.
Pró-reitor de educação continuada da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo, Silas Guerriero concorda e aponta ainda outro ingrediente da crise que turbinou o crescimento da pós-graduação lato sensu: as indenizações recebidas por profissionais demitidos de seus postos de trabalho, que muitos escolheram usar em um investimento na formação.
"Ter graduação virou o mínimo no mercado de trabalho. Para concorrer de verdade, é preciso ter algo a mais."
Embora esse diferencial também possa ser obtido com um mestrado profissional ou mesmo acadêmico, a especialização, além da rede de contatos, envolve mais conteúdo em sala de aula do que pesquisa.
"Nesses cursos, o aluno vai ter mais carga horária em sala de aula e vai mais receber conhecimento do que produzir por conta própria."
Segundo o levantamento do Semesp, 88% das matrículas em especializações estão em instituições privadas, que puxaram o crescimento da modalidade --elas aumentaram em 80% o número de alunos, quase o dobro da taxa de 41% da rede pública.
Assim como as particulares, as universidades estatais também podem cobrar uma taxa dos alunos, de acordo com decisão proferida em 2017 pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
A renda média dos estudantes desses cursos, de qualquer forma, é em média 150% maior do que a daqueles que apenas fazem uma graduação —R$ 4.634,50 contra R$ 1.860,30.
O perfil do estudante é predominantemente feminino (62,6%), o que pode ser explicado pelo alto número de alunos em cursos ligados à educação, saúde e serviços sociais. Elas tradicionalmente são maioria principalmente no mercado ligado ao ensino.
O Sudeste também domina as matrículas, com 44%, seguido do Nordeste, que tem participação de 23%.
O crescimento da pós lato sensu se dá em um momento de crescimento pífio no mercado da graduação.
De 2016 a 2018, o número de matrículas nesse nível de ensino cresceu apenas 5%, segundo o Censo da Educação Superior. O aumento é puxado pela EAD. Nos cursos presenciais, o número de alunos no setor privado vem caindo.
Fonte: Folha de S. Paulo
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