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Estudante é mão de obra barata, reclama presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes

28/03/2018 13:34

Entre as principais queixas dos residentes, segundo ele, estão a falta de qualidade dos cursos ou dos tutores, excesso de horas de tividades e tratamento desrespeitoso pelo orientador ou pelos colegas 


“Residente é mão de obra barata. Em muitos programas, ele é chamado para trabalhar muito e aprender pouco”, resume Juracy Barbosa, presidente da Associação Nacional de Médicos Residentes. Entre as principais queixas dos residentes, segundo ele, estão a falta de qualidade dos cursos ou dos tutores, excesso de horas de atividades e tratamento desrespeitoso pelo orientador ou pelos colegas. 

“Depois da graduação, passei direto para a residência, mas muitas pessoas têm de recorrer a cursos preparatórios”, conta. Os cursinhos especializados em provas de residência têm aumentado. As classes são práticas e teóricas. 


“As pessoas investem cerca de R$ 1 mil mensais, durante um, dois anos, para passar na prova. Muitos se frustram quando têm de enfrentar o dia a dia”, afirma Barbosa. 


De acordo com ele, o “que mais mobiliza os médicos a abandonarem o curso é a falta de qualidade. Depois do investimento em horas de estudo, em pagar cursinhos, os profissionais querem ensino de boa qualidade. Muitas vezes eles desistem, voltam a estudar para procurar lugar melhor”.


Barbosa afirma que não é raro ouvir de residentes reclamações sobre o pouco comprometimento dos preceptores. “Esses professores muitas vezes não recebem nada por ensinar. Além da falta de incentivo financeiro, o residente pode representar um estorvo para o professor. Quando ele dedica um tempo para explicar o caso, tirar dúvidas, o atendimento ao paciente fica mais demorado. Em outras palavras, o trabalho dele poderá ficar atrasado”, afirma. Em vários casos, os residentes de cirurgia são impedidos de operar. “Eles querem usar o bisturi. E isso muitas vezes não ocorre.”


Mais Médicos


Para Barbosa, parte do fenômeno de não preenchimento de vagas se deve à expansão dos cursos de residência no Brasil. Um dos braços do programa Mais Médicos, criado pelo governo federal em 2013, foi a ampliação de escolas médicas e de residência, principalmente no interior do País. 


A ênfase foi dada para especialidades consideradas prioritárias. “Foi feito um esforço para se ampliar as vagas de Medicina de Família e Comunidade, além de Psiquiatria”, observa o professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador da pesquisa Demografia Médica, Mário Scheffer. Muitos dos cursos novos despertaram pouco interesse dos médicos que desejavam se candidatar à residência. 


A residência de Medicina de Família e Comunidade é responsável por quase 20% de todas as vagas ociosas do País.


Juracy Barbosa observa, no entanto, que parte das vagas foi criada em locais onde não havia uma boa condição de trabalho.


Distribuição


Cinco especialidades concentram quase metade do total de residentes


12%

Clínica Médica

Pediatria

Ginecologia e Obstetrícia

Cirurgia Geral

Anestesiologia

Outras

9,8%

8,6%

8,2%

7,3%

54,1%

Porcentual de médicos cursando programas de residência em 2017

Nordeste

14,2%

Sudeste

58,5%

Norte

4,1%

Sul

16%

Centro-

Oeste

7,2%

Fonte
Demografia Médica

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