03/08/2020 19:08
Pesquisas recentes identificaram a deficiência da proteína interferon (IFN) no organismo como uma possível causa dos quadros graves da Covid-19. Uma delas, foi um estudo publicado na revista Science há alguns dias, em que os pesquisadores perceberam, a partir da análise de 50 pacientes, que, nessas pessoas, a atividade da proteína estava deprimida, o que levava o corpo a produzir uma inflamação exacerbada. Nos pacientes com quadros médios e leve da doença, os níveis do componente estavam normais.
Umas das principais pesquisas desenvolvidas pela PUCRS tem como objetivo testar terapias que melhorem a resposta de interferon do tipo I durante a infecção pelo vírus SARS-CoV-2 que causa a COVID-19. A coordenadora do projeto, a professora da Escola de Ciências da Saúde e da Vida, Ana Paula Duarte de Souza, explica que a resposta do interferon do tipo I faz parte do nosso sistema imune inato e é responsável por controlar as infecções virais.
A pesquisadora conta que recentemente o grupo da Escola de Ciências da Saúde e da Vida e do Centro Infant da Escola de Medicina da Universidade demonstrou, em estudo publicado na revista Nature, que o acetato, um ácido graxo de cadeia curta produzido pela microbiota intestinal, pode proteger frente infecções virais respiratórias. O acetato aumenta a resposta de interferon do tipo I e diminui a inflamação pulmonar. “Com base nisso, a pesquisa irá testar se o acetato apresenta os mesmos efeitos durante a infecção pelo SARS-CoV-2“, afirma.
Além disso, a pesquisadora acrescenta que existem vários estudos pré-clínicos e clínicos demonstrando que extratos bacterianos como OM-85 também protegem contra infecções respiratórias modulando a resposta de interferon do tipo 1. “Além do acetato, também iremos testar o OM-85 contra o SARS-CoV-2“.
A pesquisa conta com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio Grande do Sul, Fapergs, e tem colaboração com a Unicamp. No momento encontra-se na fase inicial, com resultados preliminares in vitro.
Interferons (IFNs) são proteínas produzidas naturalmente pelo organismo e secretadas pelas células do sistema imunológico com o objetivo de combater elementos estranhos, como vírus, fungos ou bactérias. Elas atuam produzindo uma resposta local, intensa e imediata na região onde o patógeno se aloja, e por isso são importantes para mitigar a progressão de uma doença. Existem três tipos de IFNs naturais, cada um secretado por seu próprio conjunto de células. Tanto o tipo I (IFN-alfa e IFN-beta) quanto o tipo III (IFN-lambda) são proteínas antivirais que atuam recrutando células de defesa para agir no local da infecção e combater o vírus.
Fonte: PUC-RS
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