20/04/2018 16:44
Em audiência pública promovida pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE) nesta quarta-feira (18), o professor Célio da Cunha, da Universidade Católica de Brasília, destacou a importância do financiamento público às universidades como um dos principais instrumentos responsáveis pelo progresso de diversos países em todo o mundo.
— Não houve experiência exitosa de desenvolvimento no mundo que tenha prescindido do poder público como agente fundamental de fomento do desenvolvimento, incluindo a sua dimensão científica e tecnológica. O financiamento público serve de coluna vertebral para o esforço de desenvolvimento — afirmou o professor em sua exposição.
A audiência, realizada a pedido do senador Cristovam Buarque (PPS-DF), teve o tema Universidade: escada para ascensão social ou alavanca para a progressão social?. Na avaliação de Cristovam, a universidade brasileira perde sua principal função de fonte geradora de conhecimento quando passa a ser utilizada por grande número de estudantes visando principalmente a promoção social.
— Promoção lícita e justa a que cada um tem o direito. Só que quando prevalece a ideia de promoção social dos indivíduos sobre escada de promoção do desenvolvimento humano nas artes, nas ciências puras, a universidade perde um pouco a dimensão total de seu caráter. Hoje prevalece muito, e sobretudo no Brasil, a ideia de que a universidade é um direito do indivíduo para ascender, com menos preocupação em fazer o conhecimento avançar — disse Cristovam.
No mesmo sentido, Isaac Roitman, professor emérito da Universidade de Brasília, mencionou dados do Censo do Ensino Superior de 2016, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Ele lamentou a utilização da formação universitária somente para ascensão social. Segundo ele, o país poderia estar em um estágio de desenvolvimento mais avançado.
— Temos mais vagas no Brasil para cursos de Direito do que nos Estados Unidos e na Coreia do Sul juntos. Precisamos de tantos advogados? — disse ele, chamando a atenção para a falta de planejamento no ensino superior brasileiro.
Gustavo Balduino, secretário-executivo da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), observou que 500 mil profissionais foram formados nos últimos cinco anos pelas 68 universidades federais e 368 campi do país, entre médicos, engenheiros, dentistas, advogados e outros.
— É de uma relevância inquestionável essa universidade de que estamos falando. Não é de marte, não é dos Estados Unidos, nem é da Patagônia. É a universidade do Brasil. Forma gente, sim, pessoas que, quando formam, têm momento de renda. Não existe país desenvolvido com renda média alta que não tenha universidade de qualidade — frisou ele.
Já a coordenadora-geral de Expansão e Gestão das Instituições Federais de Ensino (Sesu-MEC), Nara Maria Pimentel, falou sobre o método utilizado na pasta para a criação de novos cursos superiores, faculdades e universidades. Conforme explicou, visando impedir a proliferação desnecessária de novos cursos, atualmente são analisadas questões relativas ao desenvolvimento regional, desemprego, economia, além de questões culturais e sociais.
Fonte: Agência Senado
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